saboreavam o fim de tarde em aromas de café. Olhavam-se, nos silêncios tímidos que a máquina fabricava por entre o fabrico do café. Era velha, quase antiga. Parecia existir há tanto tempo como o tempo que aqueles silêncios pareciam demorar. Conversavam. a cada silencio as palavras ecoavam vazias, como que esperando pelo olhar para dizer o que não foi dito, todo o resto, tudo. Num impulso, por falta de atenção dos dois, os olhos deixaram-se descansar no espelhar do que viam, reconhecendo o olhar de quem procura ver-se e conhecer o que vê. Souberam-se iguais, distraídos do mundo e do esconder envergonhado do sol. Ele ia por fim contar-lhe a sua estória.
Mas o segredar do café fora agora mais curto e a máquina retomou a labuta e o Vítor gritou lá longe - o café está pronto, e se continuam aí especados ainda perdem o pôr do sol. não foi p’ra isso que vieram? Não vos percebo.
15.9.05
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