29.6.05

quando o som de tuas solas
me chamar de meu dormente,
não te escondas nem te mostres,
quero que passes indiferente.
porque em meu sonho tu és eu,

só minha sombra te denuncia,
deambulando, vagabundo,
nas horas em que a noite é dia

r. Fev05

28.6.05

Gosto de dizer. Direi melhor: gosto de palavrar.
Bernardo Soares

Já Pessoa dizia que se se pudesse ouvir o olhar...
Quem quer dizer o que sente
Não sabe o que há de dizer.
Fala: parece que mente
Cala: parece esquecer

21.6.05

Passa demoradamente os olhos cansados do sono da vida, por entre linhas de letras vazias de significados e de poesia. Dispersa apenas por um instante, tenta ouvir para além dos sons e formas dadas por outros. Sente-lhes vida, não estão presas nem mortas. Percebe-as agora. e divaga e brinca e dá-lhes novas cores e significados, tão mais longe de suas celas, tão mais longe da razão, tão mais perto da afeição dos sentidos.

Junta agora fins de frase, como uma criança feliz, que de palavras fogo e noite constrói um sonho que o aquece até ao despertar do dia.

13.6.05

As palavras, as de Eugénio

As Palavras

São como um cristal,
as palavras.
Algumas, um punhal,
um incêndio.
Outras,
orvalho apenas.

Secretas vêm, cheias de memória.
Inseguras navegam:
barcos ou beijos,
as águas estremecem.

Desamparadas, inocentes,
leves.
Tecidas são de luz
e são a noite.
E mesmo pálidas
verdes paraísos lembram ainda.

Quem as escuta? Quem
as recolhe, assim,
cruéis, desfeitas,
nas suas conchas puras?

Eugénio de Andrade

12.6.05

Lali Puna



Muita atenção com esta menina. Chama-se Valerie Trebeljahr e é a vocalista dos Lali Puna, uma banda alemã que vale a pena seguir bem de perto. Procurem o Cd de originais da banda, chama-se Faking The Books. Muito boa música

"Por isso esta noite, fiz esta canção,
Para resolver o meu problema de expressão,
Pra ficar mais perto, bem mais de perto.
Ficar mais perto, bem mais de perto."

CLÃ - Problema de Expressão

Mais grandes músicas e letras... ou melhor... músicas, porque tb a melodia das palavras toca bem alto, lá bem no fundo.

11.6.05

Não as espera mais perdidas, deseja que voltem sempre e sempre e com mais força. Trazem agora cheiros e sabores e lembranças de proximidades e tanta beleza como a quem as palavras levam. Por momentos, crê que as grita ao mundo em voz firme, com uma selvajaria imensa. Mas acalma na ânsia de explodir, como quem perde para si um momento que passou.
Se algo lhe acontecer pede só que juntem o pouco dos pedaços que de si sobraram, e que o ajudem a recomeçar,
noutro tempo, noutro lugar.