29.12.04

estranhas horas difíceis

Que vontade é esta
De escrever tudo o que tenho dentro
De falar nas coisas que penso
E pensar nas outras que sinto

Pesadelo de quem sou
Acordo-me num impulso
Até perceber que não fui
Senão interprete e recluso

Interprete de mim próprio
Da vontade que me acorda
De descobrir meus ideais
E encontar lugar no mundo

Recluso das ideias minhas
Pra onde tantas vezes fujo
Das coisas feias da gente
Que fazem do mundo sujo

Estranhas horas difíceis
Onde uns caem e outros subsistem
Voando nas asas dos sonhos
Vencendo os que neles existem


r.Dez/04

Estado deste Blogue

Dêm-me trabalho p'ra não me pôr a pensar na vida. Obrigado

2.12.04

Fotomontagens



r.Maio/04

Outro aparte (isto mexe mesmo comigo)

Últimas do caso casa Pia

"arquitectura Judiciária"??? advogado de defesa de um qualquer arguído
Já me disseram várias vezes que a Arquitectura é válida sobretudo pelo seu carácter multi-discilplinar...
Pois bem... coiso.

26.11.04

Uma Aparte

Permitam-me um aparte...

E ainda se diz que a produção de ficção portuguesa anda pelas ruas da amargura.
As novelas do Caso Casa Pia e do Morangos com Açucar são exemplos da boa ficção nacional.

Pessoalmente, prefiro a primeira... as temáticas do péssimo jornalismo, das perseguições dos paparazzi e dos julgamentos públicos, entre outras, são abordadas de forma tão objectiva que somos levados a reflectir sobre o que seria da nossa sociedade se tudo isto não passasse de ficção.

Fico bastante feliz por saber que os directores das grelhas dos canais generalistas partilham da mesma opinião, reservando os anteriores espaços destinados aos serviços noticiosos para a ficção 100% nacional... é de aplaudir.

P.S.: o Carlos Silvino é um achado. La Feria... põe os olhos nestes rapazes

23.11.04


queria dizer algo mas esqueci
sei que o sonhei.

Sonhei até com o lugar
onde foi pensado e escrito:
desenhado bem alto no ar
nas letras que perdi e já agora imito

Procuro-o alto e longe
ao perder-me nas nuvens que olho
assim como quem deseja adormecer
ao acordar e perder um sonho

Esqueço-o agora, já não o tenho
por entre de mim, jamais encontrado.

r. Nov2004

9.11.04

À Tabacaria do outro lado da rua, como coisa real por fora

(...)
(Se eu casasse com a filha da minha lavadeira
Talvez fosse feliz.)
Visto isto, levanto-me da cadeira. Vou à janela.
O homem saiu da Tabacaria (metendo troco na algibeira das calças?).
Ah, conheço-o; é o Esteves sem metafísica.
(O Dono da Tabacaria chegou à porta.)
Como por um instinto divino o Esteves voltou-se e viu-me.
Acenou-me adeus, gritei-lhe Adeus ó Esteves!, e o universo
Reconstruiu-se-me sem ideal nem esperança, e o Dono da Tabacaria sorriu.

Álvaro de Campos

Playlist

You could be my unintended
Choice to live my life extended
You could be the one I’ll always love
You could be the one who listens to my deepest inquisitions
You could be the one I’ll always love

I’ll be there as soon as I can
But I’m busy mending broken pieces of the life I had before

First there was the one who challenged
All my dreams and all my balance
She could never be as good as you

You could be my unintended
Choice to live my life extended
You should be the one I’ll always love

I’ll be there as soon as I can
But I’m busy mending broken pieces of the life I had before

I’ll be there as soon as I can
But I’m busy mending broken pieces of the life I had before

Before you

MUSE - Unintended

2.11.04

...



r.

para os outros



r.

1.11.04

para turista ver



r.

Encostei-me

Encostei-me para trás na cadeira de convés e fechei os olhos,
E o meu destino apareceu-me na alma como um precipício.
A minha vida passada misturou-se com a futura,
E houve no meio um ruído do salão de fumo,
Onde, aos meus ouvidos, acabara a partida de xadrez.

Ah, balouçado

Na sensação das ondas,
Ah, embalado

Na idéia tão confortável de hoje ainda não ser amanhã,
De pelo menos neste momento não ter responsabilidades nenhumas,
De não ter personalidade propriamente, mas sentir-me ali,
Em cima da cadeira como um livro que a sueca ali deixasse.

Ah, afundado

Num torpor da imaginação, sem dúvida um pouco sono,
Irrequieto tão sossegadamente,
Tão análogo de repente à criança que fui outrora
Quando brincava na quinta e não sabia álgebra,
Nem as outras álgebras com x e y's de sentimento.

Ah, todo eu anseio

Por esse momento sem importância nenhuma
Na minha vida,
Ah, todo eu anseio por esse momento, como por outros análogos ---
Aqueles momentos em que não tive importância nenhuma,
Aqueles em que compreendi todo o vácuo da existência sem inteligência para o compreender
E havia luar e mar e a solidão, ó Álvaro.

Álvaro de Campos

Saudades

Vem Outono

Quero adormecer ouvindo chover chuvas molhadas,
Sonhá-las de noite às carradas
E senti-las pela manhã em horas passadas.

Quero sair de casa pisando fofas folhas encarnadas,
Procurar-lhes pingas suadas
Longe das poças de águas geladas.

Quero olhar o verde de branco geado
Ao despertar da luz de Nascente;
Quero que seja meu este fado
E saboreá-lo incessantente.

Que venha o Outono!
Que me desfolhe,
me chova,
e molhe.

r. Set2004

Post Primeiro

Nao sei ao que venho, sei que estou cá.


escape