26.11.05

pausa para reflexão

dizem que ando irritado. nao. ando confuso e a precisar de respirar.

13.11.05

e quando os corpos mornos e a roupa quente se gostam, o inverno chega em pingas geladas, perdidas no vento sem norte

10.11.05

pinto-te em cores que só eu sei.
desenho-te em palavras num cenário que é só meu.

as pessoas inertes e sem objectivos de vida irritam-me

5.11.05

Nunca, por mais que me cruze com as pessoas a lerem os meus livros nas paragens de autocarro, nunca, por mais que veja universitários a caminharem despreocupados com os meus livros debaixo do braço, nunca, por mais que traduzam os meus livros e haja pessoas a lê-los em línguas cheias de consoantes, nunca hei-de ficar indiferente no momento em que alguém esteja a ler um livro meu perto de mim. Nas palavras que escrevi permanece aquilo que pensei durante um momento, ou durante um ano, ou durante a vida toda. Nas palavras que escrevi permanece aquilo que fui, aquilo que não sei se ainda sou. Quando alguém lê um livro meu perto de mim, sou uma criança envergonhada.

José Luís Peixoto, Uma Casa na Escuridão